Toni Bianco por Mahar

Não deixem de ler o artigo sobre os novos carros de Toni Bianco escritos pelo professor Mahar. O que foi publicado ontem em O Globo é o esboço! O completo foi ao ar no blog e me parece coisa de alienígenas! Não dá para acompanhar a conversa deles nem o trabalho do Toni. Só admirar. E, claro, com o dedo do Trevisan nisso tudo.
Não deixem de ler!

Michelangelo sobre rodas – Toni Bianco por Mahar

 

 

U.S. Route 30

A fotografia é a maior invenção da história. É o que definitivamente nos difere de outras espécies, a capacidade de admirar, ler e se emocionar com um instatâneo do passado, pois a tecnologia que o cria não é por si o maior feito. Nostalgia e saudade disputam nossa razão, mesmo sendo de coisas não vividas porém reconhecidas no íntimo como parte de nossa própria natureza. Sem a fotografia, eu não digo que saberíamos menos sobre nós mesmos. Apenas acho que este conhecer seria diferente. Com ela, abrem-se no espírito portas para outras realidades que nos permitem saber mais, conhecer melhor sobre outros que não nós mesmos. A fotografia é por isso coletiva, é de todos – universal. Pode ser admirada e apropriada sem restrição cultural ou política alguma. Ela é o artifício de uma humanidade que aprendeu a se perpetuar para também entender-se mais adiante. São garrafas com mensagens complexas lançadas ao mar rumo ao futuro, que precisam ser resgatadas sempre, mais de uma vez. Este conhecer que elas representam não se esgota em nossa época. Por isso preservá-las é tão importante. O que será lido hoje não necessariamente terá eco quando recolhidas do vasto oceano amanhã. Vamos pois, iniciar nossa parte nesta aventura que é re-descobrir fotografias.

Antes de continuar, posso sugerir uma música? Clique no play. Vamos ouvir Stephane Grapelli tocando um clássido do Django Reinhardt, que bem poderia estar tocando em algum carro ou gas station no momento em que estas fotos foram clicadas. A música é “Lover, come back to me”.

https://sites.google.com/site/oldcarpics/Home/01Lover%2CComeBacktoMe.mp3?attredirects=0&d=1

As fotos a seguir encontrei ontem, no acervo da Life Magazine. São de julho de 1948, clicadas por Allan Grant, para uma matéria sobre a Highway 30, ou U.S. Route 30, rodovia que corta a América do Norte de leste a oeste e que têm sua origem na década de 20, época da construção do atual sistema rodoviário americano. Ao contrário da Route 66, ainda é utilizada. E se não é a mother road, foi quase isso.

O que vemos aqui? Bom, foi você quem recolheu a garrafa do mar. A aventura é sua.

Abraço, Nik.

1949 ford lost photo sessions – 3

Eu esqueci de contar que a idéia de organizar estas imagens da sessão de fotos do Ford 49 me ocorreu somente depois de um email do Dan Palatnik. Eu já conhecia as fotos há mais ou menos um ano, foram mas primeiras que catei no acervo da Life, juntamente com as do Corvette de 1953. Mas foi com o email do Dan quem me ocorreu a idéia de que esse material era bem mais do que supunha, era uma história completa. Obrigado, Dan.

Um dos livros que chegaram semana passada diz que a produção dos pilotos do novo Ford para 1949, conhecido como Model B-A, começa na fábrica de Rouge no início de abril de 1948. Estes primeiros automóveis serviam para corrigir os bugs das linhas de montagem. Depois disso, eram enviados completos para outras plantas da Ford que os utilizariam para os acertos finais, iniciando assim mais rapidamente a produção. Deu para perceber que, assim feito, cada fábrica teria sua qualidade final o que seguramente contribuiria para alguns dos defeitos crônicos dos automóveis deste primeiro ano, que ficariam mais evidentes nos modelos saídos de algumas fábricas do que de outras…

Como a Lincoln e a Mercury também teriam carros novos, tratava-se de mudar tudo, adaptando todas as plantas às especificações dos novos carros. Bem ao estilo Ford, pela quarta vez em seus 45 anos de história, um automóvel impunha grandes mudanças, alterando radicalmente a maneira que a Ford construía, fabricava e vendia seus carros. Assim foi com o Model T, depois o A, mais tarde o B e agora o B-A. Mais uma vez, eles estavam mudando tudo. E errar não era uma opção antes, muito menos agora.

Bom, se os pilotos começaram a sair das linhas de montagem somente em abril de 1948, que carros são estes que vemos nestas fotos? Sim, por quê a data da sessão de fotos abaixo é anterior àquela. Como eu sei disso? Do mesmo jeito que descobri o endereço: está escrito ali! Veja as datas nas claquetes.

Viu? 21 e 22 de fevereiro de 1948. Como se chamam estes carros então? Pré-série? Interessante é que eles já estavam todos definidos aí, claro. Não há um friso ou calota que não tenho ido para a linha de montagem. Eu olho para este tudor cinza claro acima e me pergunto se não é ele quem está hoje no Henry Ford Museum. Será que eles saberiam me dizer isso? Alguém aí mora perto, pois eles não têm serviço de atendimento à distância…

As fotos de hoje são das meninas da Ford que participaram da sessão de fotos. Sim, as modelos que estavam lá para colorir o ambiente, para humanizar a aridez de tanto american iron! As verdadeiras e legítimas pin-ups. Se você tivesse 16 anos, qual delas que você pregaria na porta do seu armário, meu irmão? Eu já tenho há muito tempo uma favorita.

Abraço! Nik.

Amazon

Há uma semana estou com todo o tempo livre dedicado aos livros que chegaram da Amazon. Nossa, quanta alegria cabe dentro de uma caixa de papelão. Acertei em todos os livros que comprei, coisa que nunca tinha acontecido. Todos são muito, mas muito bons, obras de rereferência em sua área. Por acaso, são todos sobre Fords, do T aos anos 50. Tenho lido tanta coisa interessante que me desanimei um pouco do blog. Para quem gosta, coisas legais virão por aí.

Icauto

Icauto é a oficina do amigo Marcus aqui em Niterói. Amigo de muitas histórias. Hoje fui lá e aproveitei para pegar umas fotos antigas bem interessantes do Alexandre, amigo dele. Depois digitalizo e coloco aqui. Enquanto isso, o registro do passeio.

Amigo Luiz Sampayo, que tal? Está faltando o seu aqui.

Carros que eu gosto

Sei lá, mas eu adoro carros assim. Muito.

Essa força criativa que se apodera de algo e o transforma plenamente, em alguns setores do conhecimento é chamada de arte mas reconheço que no antigomobilismo isso não é pacífico.

Veja, o carro está todo ali. É um Fordor 1950 ou 51, mas não mais o que saiu das linas de montagem. Esse é o Ford que saiu da cabeça daquele maluco ali, tal qual ele o viu em sonhos alucinados.

Acho que isso é um upgrade de qualidade. Plasticamente perfeito, cheio de ecos nas minhas referências mais joviais e entusiasmadas. Transcende o carro mas também o que se vê não é somente a identidade do dono. É um meio termo entre a caretice dos velhos e a irresponsável e saborosa força criativa dos espíritos jovens, rebeldes, que não se rendem jamais. E quem sabe o faz sem deixar de prestar homenagem aos “velhos”: a pátina do tempo está toda ali, em claro e eloquente sinal de respeito e gratidão por quem os desenhou, construiu e dirigiu antes. Ou tu não tinha sacado isso?

Eu reconheço o talento de um cara desses, Irapuã.