Wawona

Wawona foi o nome dado a uma imensa sequóia que existiu no Parque Nacional de Yosemite, na California, EUA. Este ser imponente e majestoso elevava-se a 69 metros do chão e sua circunferência era de mais de 25 metros. Estima-se que viveu 2.300 anos.

Era tão grande que, em 1891, alguém mandou abrir um túnel através da árvore, aproveitando-se de uma ferida causada pelo fogo. Dois sujeitos foram escalados para a tarefa e receberam US$75.00 por ela.

A intenção era criar um atrativo turístico para a região, e de fato a notícia do túnel em uma árvore logo se espalhou e os visitantes não tardaram a chegar. As pessoas simplesmente adoraram poder passar a pé, de cavalo ou em suas carruagens sob aquela árvore magnífica.

Com o advento do automóvel as carruagens deram lugar ao carro da família em férias, visitando o belíssimo Parque de Yosemite. Com a popularização da fotografia, registrar seu carro sob a Wawona passou a ser souvenir obrigatório de quem passasse por lá. Esta cena foi repetida milhares e milhares de vezes ao longo do século XX.

A idéia de explorar esse assunto surgiu quando eu me dei conta que eu já tinha umas 3 ou 4 fotos da Wawona e que deveriam existir muitas mais por aí. Afinal, o americano fotografou muito mais do que qualquer outro país depois da segunda guerra e, sendo a atração que era, Wawona bem poderia dar testemunho da evolução do automóvel ao longo do século XX. De fato, acertei em cheio.

Buscando fotos, eu descobri duas muito interessantes, que mostram o quão popular foi visitar a Wawona. São fotos da mesma pessoa, fotografada sob a Wawona em épocas distintas. A primeira nos anos 20 e a segunda mais tarde, no início dos 50.

Veja as fotos abaixo. A pessoa é o menino e depois o senhor, posicionados à direita em ambas as fotos. Incrível, não?

É interessante hoje podermos olhar para estas fotografias e ver a própria evolução do automóvel a partir de um único e pitoresco ponto de vista, entre infinitas outras leituras possíveis a partir destas mesmas imagens. Wawona têm um óbvio e melancólico componente ecológico para nós, moradores do século XXI. É um pouco como aquelas atrações bizarras dos circos antigos, que nos entusiasmam mas ao mesmo tempo confundem e entristecem.

Não consigo deixar de pensar que esta árvore nasceu junto com os primeiros filósofos gregos, viu Alexandre Magno nascer e conquistar o mundo, viu a ascensão dos romanos, a crucifixação de Cristo, atravessou a Idade Média, testemunhou a revolução industrial e duas guerras mundiais mas não sobreviveu ao automóvel e ao intenso e caro século XX.

Wawona desabou no inverno de 1968/69 por conta da grande quantidade de neve depositada sobre sua copa, estimada em mais de duas toneladas. Será mesmo? O que pensar disso?

Talvez nada, talvez ela tenha vivido seu tempo e nada mais. Eu não sei. Olhando para estas fotos, penso que poucos destes automóveis e viajantes sorridentes irão durar ou duraram mais de 100 anos, tempo em que Wawona ainda era apenas uma pequena árvore. Têm algo esquisito no fato de nós sermos contemporâneos destes seres e eles não sobreviverem, por coincidência ou não, à nossa insistente presença.

Além de Wawona, existem outras árvores com túneis nos Estados Unidos, quase todas da espécie das sequóias gigantes, como a árvore de Chandelier, de Coolidge e de Shrine, entre outras. Mas, com certeza, nenhuma foi tão famosa quanto a pioneira Wawoma.

Abaixo, mais fotos interessantes. Aguardo seu comentário.