1949 ford lost photo sessions – 2

Na falta de coisa melhor para contar, vou postando aqui as fotos do set de fotografias e filmes publicitários do Novo Ford para 1949, clicadas na Flórida, em março 1948, por William J. Sumits para a LIFE Magazine. A primeira parte está aqui neste link.

Continuo no assunto também pelo seguinte: os encontros de carros antigos estão padecendo da falta de carros dos anos 50 e antes. Já escrevi sobre isso aqui em outro post. Os motivos são vários, mas se não falarmos sobre eles, a garotada que vai aos encontros só vai aprender a gostar de Dodge, Maverick, Gol à ar, Fusca, Kadett e Escort e a achar que anos 50 é só Cadillac e carros de “tiozão”. Essa onda, de trazer carros ruins, novos ainda de mais e sem charme aos encontros, chamo de “renovação carismática” do antigomobilsimo, e está bagunçando certos coretos. Acredito pois que falando do Ford Shoebox dou minha contribuição para quem chega agora não achar que tudo que está ali no encontro é um clássico por si.

Antes de começar, uma pequena consideração.

Os americanos dividem também os Fords de várias maneiras, inclusive por períodos históricos. Um grupo bem conhecido são “Early Ford V8s”, que compreendem os Fords com motor flathead V8 fabricados entre 1932 e 1954, inclusive.

De qualquer maneira, este grupo é, além do motor, bastante heterogêneo. Entre tantos clássicos com suas infinitas particularidades, poderíamos ainda dividir esse conjunto entre os carros que Henry Ford construiu e os que ele não construiu. E ele, afinal, participou do projeto do Ford 49?

Bem, Henry Ford sofreu um derrame em 1941, o que obrigou seu filho Edsel a comandar a empresa durante o esforço de guerra, notadamente na produção dos bombardeiros B-24, contratados pelo governo americano. O início da produção foi um desastre, cheio de problemas e adversidades. Talvez por isso a saúde de Edsel tenha piorado bastante e ele venha a falecer, prematuramente, em 1943. O velho Henry, debilitado e cansado com seus 80 aos de vida, reassume a empresa. Óbvio que isso poderia comprometer o esforço de guerra. O então presidente Roosevelt considera até nacionalizar a Ford a fim de evitar o pior. A Ford era o caos e isso era ruim para a guerra. É aí então que a Marinha Americana manda o jovem Henry Ford para casa para assumir o controle da empresa. Mas o avô não aceita. Sua esposa, Clara Ford, argumenta com o marido por meses, a fim de que ele permita o neto assumir a presidência da Ford, sem sucesso. O cansado Henry Ford só cede quando a viúva de Edsel, Eleanor, ameaça vender sua considerável participação na empresa. Assim, Henry Ford passa adiante a coroa ao neto, em setembro de 1945.

Que vai comandar a nova Ford com a ajuda dos “Whiz Kids”, grupo de executivos liderados por Tex Thornton, uma fantástica task force da época dos B-24. Finda a guerra, eles decidem permanecer na Ford e ajudar a recuperar a empresa, mas isso é assunto para outra hora…

Henry Ford não deu pitaco substancial nos Fords 1949, nem tinha condições para tanto. Consta que ele e Clara foram convidados a conhecerem os dois modelos de argila tal qual aprovados pelo comitê de Ernie Breech. O que eles viram foram dois sedan Fordor esculpidos em argila no tamanho real, escala 1:1. Clara Ford ficou tão admirada com o que viu que, achando se tratar de automóveis prontos, levou a mão em uma maçaneta da porta que veio a cair no chão. Pelo que sei, esta foi a maior contribuição de Henry Ford ao projeto. Se houveram outras, ninguém naquela sala estava a fim de saber. A época de Henry Ford estava, há muito, superada.

Sobre as fotos de hoje. São cliques sobre os bastidores da propaganda oficial. Mais ou menos o Photoshop da época! Veja o que os caras estão fazendo: colocando sacos de areia dentro do cofre do motor! E para quê? Ora, para rebaixar os carros! A Ford queria neles a imagem do futuro, da novidade. Estilo era tudo e um saquinho de areia sempre ajuda no apelo esportivo, certo? Pois é, eu pretendo fazer o mesmo com o meu, mas de outra maneira. Se até a Ford os considerava mais bonitos rebaixados, quem sou eu para discordar? Hein? :)

Abraço!

17 comentários sobre “1949 ford lost photo sessions – 2

  1. Irapuã disse:

    Concordo com o Guilherme. Traz informações e argumentos muito importantes para moldar a cultura antigomobilista.
    Mas… rebaixar? Desculpe, mas sou meio xiita quando se fala em originalidade.
    Restaurar é restituir a condição original -como o veículo foi construido- em todos as suas características. Tudo o mais é “reforma”.

  2. Nikollas Ramos disse:

    Irapuã, vendo o seu belíssimo 51 o adjetivo que me ocorre é realmente este: tu é um xiita! Um xiita do bem, mas um radical incorrigível quando o assunto é originalidade! Tu nem sabe, mas vira e mexe estou lá admirando seu Fordão. Quem não conhece o bonitão, eis as fotos:

    http://shoeboxford.wordpress.com/pictures/brasileiros/o-ford-do-irapua/

    Veja, o que eu quero aqui é valorizar o nosso querido Ford. É mais fácil admirar-se alguma coisa quando a conhecemos melhor. E, em matéria de popularidade, aqui no Brasil pelo menos, o Ford não merce mais do que nota 3. É muito, mas muito pouco popular, como sabemos. Os círculos de aficionados como nós não contam, em que pese mesmo neles existir certa opinião que discuto outro dia. Aliás, nos EUA os 49/51 também são tratados como parte do grupo Early Fords V8 e só. Ainda não existe – olha a deixa, Irapuã! – um único clube sequer para eles no mundo! E eu acho isso um absurdo! Um ultraje! RSRSRS!

    Guilherme, bobagem. Só sei o que li, os que escreveram sabem mais. De cabeça me lembro de uns caras que sabem muito sobre estes carros, aqui mesmo, no Brasil. Um deles é de Farroupilha, RS. É que ele, o meu amigo Eugênio, é um tímido do cacete e nunca escreve aqui, mas, te garanto, o cabra é chato quando diz respeito a estes carros. Sabe bastante, viu? O que eu tenho mais do que ele, com certeza, são fotos de época! São muitas velho, cada coisa do arco da velha.

    Irapuã, como sabem, pra mim tanto faz. Desde que não se corte nenhum pedaço deles, sendo original, kustom ou hot rod, são todos bem vindos. Eles não podem é ficar parados.

  3. Francisco José Pellegrino disse:

    Eu tb gosto do carro, antes do Camaro eu negociava um duas portas,côr verde, porém o motor era um 302 o que me deixava meio cabrero, argumentei com meu amigo Valério Valente sobre a colocação do 8BA porém ele não tinha o motor original….desistí e aí entrei na saga do Camaro…vai contando a história eu gosto demais….

  4. Nikollas Ramos disse:

    É, eu também não curto esses engine swap nesses carros. A alma do carro está presa com 24 parafusos, não têm como negociar isso! PONTO! :)
    Agora, esse tua história hein? E eu achando que tu era o tipo Camaro somente! Imagina, tu com goma no cabelo, Marlboro na manga da camisa branca, jeans no meio da canela e ouvindo Bud Holley na Augusta a mais de 12km/h??? Eu queria ver isso!!!!

  5. Eduardo disse:

    Oi Nik pensando em comtribuir sempre, já estou enchendo uns saquinhos de areia para vc.

    Eduardo

  6. Nanael Soubaim disse:

    Eu integro o grupo que gosta dos carros de tiozão, minha admiração pelo estilo do Ambassador é notória. Tenho o mesmo fascínio da maioria pelos Chryslers e Lincolns dos anos 1950, mas o apelo familiar de um Kaiser Frazer (como estes: http://kaiserfrazer.ca/ ) mexe com meus brios, e com o verdadeiro american dream que meu subconsciente ainda alimenta com os restos das minhas frustrações diárias. E o danado se vira bem com estes restos. Quanto ao Ford 49, foi a segunda grande e vital contribuição de uma esposa (e, no caso, uma viúva também) para a história do automóvel, só perdendo em importância para o esforço de Bertha Benz, que salvou a história do automóvel.
    Por isto mesmo eu não sei se trocaria uma perua Mercedes-Benz Barra-oito por um MB conversível, se não pudesse ficar com ambos, levaria a Barra-oito… É, acabei misturando marcas e épocas, é da minha cabeça lesada fazer isso.

  7. nerddecarro disse:

    Belas e interessantes historias.

    Sobre a falta de carros dos anos 50 nos encontros, se tivesse uma quantia considerável de dinheiro, compraria um Maserati A6G 2000 Allemano 1956 e enriqueceria os encontros do Rio ;)

  8. 1965 disse:

    Sacanas são esses caras da Ford. Jogar areia no ventilador pra ele ficar mais bonito, ora,ora.
    De qualquer forma, concordo com o Irapuã, rebaixar carros, nem hoje, nem nunca foi uma idéia de gênio, aliás, a meu ver parece que até desvalorizava-os. Hoje essa ideota de dar cascudo em formiga, com alguns modelos, pricipalmente VW, só é aceita por que na parte superior do automóvel respeita-se ainda em alguns casos a originalidade.Agora quando entra o lixuning, a personalização duvidosa e baratinha, é um DEUSNOSACUDA-PELAMORDEDEUS!!!!
    de Juarez

  9. Nikollas Ramos disse:

    Juarez, aqui somos todos, assim como você, pessoas normais e de bom senso! Não ousamos pronunciar esta palavra aqui! KKKK! Para estes infiéis, as masmorras! 40 chibatadas para aprenderem a ter juízo e pesquisarem mais antes de fazerem M! KKKKKK!!!!!
    Veja a foto do último post, que tal?

  10. Renato Romano disse:

    Olá Nikollas. Olá a todos!

    Apesar de acompanhar o blog há tempos é meu primeiro comentário num post – mas meus comentários sobre o blog são sempre os melhores, e não poderia ser diferente! ;-)

    Sobre as fotos, eu já acho que o Fordão tava fervendo e esses sacos são bornais de água… :-)))))

    Abraços, Renato

  11. Azevedo disse:

    Ford 49 ganhou do Chevrolet como o mais vendido em 1949…mas, a cabine estava com defeitos concernentes a entrada de po e agua e assim, o Ford 50 foi muito melhorado mas perdeu o primeiro lugar para o Chevrolet 50 que introduziu o Bel-Air. Ford para não ficar atrás, introduziu o Crestline 50 que nada mais era que um um Ford “two door” com uma combinação de duas cores.

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