A discussão sobre o acervo do Roberto Lee

O Mário veio aqui comentar sobre o ferro-velho lá de Rio das Pedras – inclusive contado do seu contato imediato de 3º grau com os carros em 1994 –  e, como uma coisa leva à outra, tocou no assunto da coleção do falecido Roberto Lee, e se eu estava por dentro das últimas sobre o Museu de Antiguidades Mecânicas de Caçapava. Na mesma hora em que li, vasculhei a memória em busca de rastros do museu e veio pouca coisa recente. Me lembrei de uma matéria do Fantástico nos idos de 80 e poucos, artigos do JB (mais de um, com certeza) e uma revista (Veja?) e fui para internet ver o que estava rolando. Muita coisa, meu amigo!

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O assunto voltou com força. Afinal, o Brasil de hoje não é o de 30 anos passados, muito menos o nosso antigomobilismo. Hoje todos sabem o quão importante é preservar e o quanto custa e vale essa parte da memória nacional para que se permita a degradação de um acervo como o do Roberto Lee. Mas, no caso dele, parece que a polêmica chegou tarde demais.

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A história é longa e foi resumida num bendito e mui oportuno post lá do blog do Flávio Gomes que você deve ler até o final. Depois, veja esta discussão aqui no Fórum do Simca que, parece, é muito esclaredora sobre alguns aspectos da questão e talvez o estopim de tudo. E, antes de você ira para as fotos recentes do estado de abandono do acervo (que foi pilhado e espoliado despudoradamente nos últimos 20 anos) veja aqui como ele era, em anos passados. Se você chegou agora, adianto que Roberto Lee, nas palavras de Nasser, é pai e mãe do movimento antigomobilístico no Brasil. E tudo o que ele reuniu em vida foi perdido ou furtado pelo descaso de parte da família e das autoridades municipais e estaduais de São Paulo. Enfim, a história é pavorosa, e têm todos os ingredientes possíveis de uma peça de Nelson Rodrigues: sexo, amor, dinheiro e taição. Ah, e automóveis antigos também.

Abaixo, foto antiga do único Willys Capeta produzido, e, a seguir, ele hoje, abandonado no que sobrou das instalações do museu.

o único Willys Capeta produzido ontem no museu de Caçapava do Roberto Lee

o único Willys Capeta produzido hoje no museu de Caçapava do Roberto Lee

Resumo do que encontrei pela web sobre o Roberto Lee e o Museu de Caçapava. Se você puder, escreva e registre em algum lugar seu protesto e indignação. Quem sabe algo ainda pode ser feito contra mais esta vergonha nacional?

Post no Blog do Simca do Brasil

Post do Blog do Flávio Gomes

Fotos do estado atual de abandono do Museu de Caçapava

Fotos antigas do Museu de Caçapava com seu acervo

Mais fotos antigas do acervo do Roberto Lee em Carros Antigos

Fotos antigas do Museu no Portal Auto Classic

Este tópico sobre a possível passagem do Carcará pelo Museu do Lee no FNVA

O amigo Jesse, do Just a Car Guy, se sensibilizou com a história e está dando destaque em seu blog sobre o assunto. Pelo visto, lá eles também sofrem do mesmo mal, como você pode ler abaixo nos comentários dele. Para ver o post do Jesse sobre o assunto clique aqui. Para deixar uma mensagem, comente abaixo.

17 comentários sobre “A discussão sobre o acervo do Roberto Lee

  1. Mário Buzian disse:

    Nik,

    Muitíssimo obrigado por também colocar essa discussão por aqui,em seu blog…Fui eu quem mandou o link com as fotos do Museu de Caçapava para o Flávio Gomes,e ele também “encampou” a idéia de nos unirmos para dar um BASTA a esse total descaso…
    Um pouco antes de receber as tristes imagens do atual estado de abandono desse lugar,recebi um e-mail de uma pessoa que trabalha na Secretaria de Turismo de Caçapava,e ela se dizia muito triste e preocupada com o que andava acontecendo por lá,pois ficou sabendo que além da falta de manutenção,existia o roubo declarado de peças e importantes coisas que estavam no acervo.
    Eu estive pela última vez no Museu no começo dos anos 90,quando começou a “onda de saques” por lá,promovida por colecionadores inescrupulosos e invejosos,que só queriam lucrar com a desgraça dos outros (não vou citar nomes,quem é do ramo sabe muito bem quem fez isso),e pagavam a uns pobres coitados,drogados em sua maioria,para entrar lá e afanar o que pudessem…
    Nós gravamos um filme em VHS,assim como foi feito lá em Rio das Pedras,mostrando o abandono da área,e ainda,conseguimos adentrar em um dos galpões que estavam fechados,e que tinha vários carros,caminhões e barcos que foram adquiridos pelo Sr. Lee e que não tiveram tempo hábil para serem restaurados…Infelizmente ainda não disponho de equipamento para transcrever as imagens para o sistema digital,mas espero em breve ter,já estou providenciando isso,quando as imagens estiverem ok,coloco no YouTube e te envio os links.
    Toda a questão desse acervo se resume em brigas de família,por um espólio que foi negociado,e que agora jaz sob as paredes daquele que deveria ser um santuário para quem dá valor à nossa história recente.
    Eu vi com meus próprios olhos o Museu em pleno funcionamento,nos anos 70 e 80,e como era rico o material que lá se encontrava,não só os carros,mas tudo que se relacionasse a motores (inclusive aviões,barcos,trens…),e me dói demais ver tantas raridades agonizando lentamente…
    Tomara que nosso manifesto sirva de inspiração para que isso não mais se repita.
    Quanto às coleções que acabam dessa maneira,por conta de familiares que simplesmente ODEIAM o assunto,infelizmente é uma dura realidade a qual o ser humano ainda não está preparado a assumir…Muita gente acaba montando um acervo por vários motivos,muitas das vezes por prepotência,visando lucro ou mesmo onanismo,e o fim acaba sendo trágico,ou lucrativo,dependendo de quem vier a adquiri-lo,e meus anos de experiência me ensinaram a não colaborar com esse tipo de negociata,mas sempre tem gente gananciosa,e que acaba comprando…
    É aquela velha máxima: para que eu vou doar a um museu ou instituição idônea,se meus herdeiros podem acabar levando vantagem com o meu espólio ??
    Na realidade,o fato acaba se tornando uma espécie de “revanche” contra tudo e todos aqueles que se opuseram uma vida inteira à sua aquisição,e muitos preferem ver tudo apodrecer do que manter…
    Desculpe a extensão do comentário,mas não pude deixar de colocar o meu ponto de vista.
    Por favor,continue a nos mandar suas postagens,que são sensacionais,mesmo num assunto tão doloroso como esse.
    Grande abraço,

    Mário

  2. carrosantigos disse:

    Thanks Jesse! All the support is more than welcome now. And I am sorry to know that this prblem is more comon than I imagined. Even more in the caso of Deer Park. I read about it in your blog before and that’s a BIG PROBLEM you have to solve now, because that is quite a collection. Nik.

  3. carrosantigos disse:

    Thanks Jesse! Maybe some friend of yours – milionaire of course – may be interested and send a lot of cash to rebuild the museum and deliver it to the goog people like you and me who loves automobiles.

    Para quem não entende inglês, o Jesse é o mantenedor do Blog Just a Car Guy (http://justacarguy.blogspot.com/) e está ajudando a espalhar a vergonha que é, 30 anos depois, o estado de abandono e mal tratos em que ainda estão o pouco que restou do acervo do Roberto Lee. Lei mais aqui no blog do Jeff em http://justacarguy.blogspot.com/2008/12/robert-lees-museu-de-caapava-lost.html

  4. Guilherme Gomes disse:

    Há de se deixar bastante claro, que bem ou mal é imprescindível a permanência desses carros no trritório brasileiro.

  5. Carros Antigos disse:

    Guilherme, SEM DÚVIDA ALGUMA. Mais até, estes carros – e os que foram furtados e DEVEM ser devolvidos – devem ficar EXPOSTOS ao público, como foi o desejo do dono deles.

  6. Mário Buzian disse:

    Infelizmente,acredito que aqueles que foram retirados da coleção jamais sejam devolvidos,muito menos o acervo de memorabília,tão rico quanto os carros…
    Já me darei por satisfeito se for possível recuperar os carros que sobraram,nossa nobre causa já terá valido a pena se apenas isso acontecer…
    Está na hora de dar um BASTA a esses vulgos “antigomobilistas” ladrões de araque,que colaboraram para que esse inferno viesse à tona,e nos mostrassem o quanto eles são fúteis,e como prestam um desserviço para com a comunidade que vivem…

    Isso me faz lembrar de um famoso caso ocorrido nos anos 90.quando um famoso colecionador inglês,especializado em Rolls-Royce raros e clássicos,tentou retirar um deles,um Silver Ghost da década de 10,que era guardado por um zeloso colecionador,peça de família,essa que apenas esperou a sua morte para lançá-lo ao cobiçado mercado de venda de raridades clássicas…
    Pois bem,um dos famosos “ladrões de araque”,vestido da fama de colecionador e restaurador,negociou o Rolls para fora (o que é proibido,já que esse carro tem história por aqui,em nosso país),e foi graças à denúncia dos amigos do VCC-BR,o mesmo foi retirado de dentro de um container no porto,já no porão de um navio…
    Agora está nas mãos de um colecionador de verdade,e não nas de oportunistas gananciosos que só querem tirar um bom lucro…
    Dessa vez,eles se deram mal.

    Não vamos deixar que eles se dêem bem com o acervo alheio,não mais.

  7. Guilherme Gomes disse:

    Buzian, como é essa história? em que estado isso se passou? são paulo? quem era o colecionador falecido do carro? imagino quem tenha sido o “exportador” possivelmente o mesmo dos carros do Lee.

  8. Erik von Eye disse:

    Conheci o Museu na década de 70 e posso afirmar que, pelo menos aos meus olhos então adolescentes, ele era maravilhoso. O Willys Capeta era tão imaculado quanto as fotos de divulgação da época do Salão do Automóvel.
    Agora cada foto que eu vejo furtaram mais alguma peça do Capeta e dos outros carros que continuaram por lá.

    Na verdade, uma briga de família que começou com a morte de Roberto Lee pode ser considerada a principal responsável pela penúria do museu, MAS é bom saber que:

    O acervo do museu de Caçapava era considerado de utilidade pública, mas o decreto foi revogado, supostamente por “não ter apresentado os relatórios dos serviços prestados a coletividade”, determinados em lei:

    (http://74.125.113.132/search?q=cache:hoIH_cD9xeYJ:www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1995/decreto%2520n.40.106,%2520de%252025.05.1995.htm+Museu+Paulista+de+Antiguidades+Mecanicas&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=8&gl=br)

    Só que o museu é TOMBADO pelo Estado:

    (http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.a943691925ae6b24e7378d27ca60c1a0/?vgnextoid=d89e0be71f401110VgnVCM1000004c03c80aRCRD&vgnextchannel=338afbe356338010VgnVCM1000001c79410aRCRD)

    Então, ainda que no tombamento a responsabilidade continue sendo exclusivamente dos proprietários, creio que, se tombou o museu, o Estado deveria ao menos se preocupar um pouco com ele, já que até aparece no site da Secretaria da Cultura…

    Mas se tirou dele a utilidade pública estadual, como é que o Museu poderia eventualmente pleitear algum subsídio para um projeto de reforma e, quiçá, finalmente “atender a coletividade”? É o “efeito tostines”.

    Triste. Uma Vergonha Nacional

  9. Carros Antigos disse:

    Erik, como toda tragédia, a destruição do acervo do Lee também pode ser repartida entre vários agentes. pelo que nos conta. O que me incomoda é que isso tenha se dado no Estado mais rico da República, lar dos maiores colecionadores de carros antigos e berço da indústria automobilística. Abraço, Nik.

  10. Luto- O Fim do Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas disse:

    Foi publicado recentemente num jornal da região do museu (Jornal Valeparaibano) que a polícia está investigando os roubos do museu e que não existem mais do que uns 4 B.O. de furto do local. Ou seja, como sumiu o resto?
    A Secretaria de Cultura do Estado, com certeza será procurada para se pronunciar, assim como o IPHAN, então tá na hora de, se alguém destes posts tem contatos lá, pressionar pra coisa não cair no esquecimento.
    Daqui a pouco surge um escândalo maior e ninguém lembra mais do Museu. No Brasil é assim,, dá-se ibope pra um pra encobrir outro.
    Alguém aqui tem um contato pra não deixar a bola parar?

  11. flavio fagundes ferreira disse:

    é por essas e outras que somos conhecidos como um país não sério!!!Infelizmente nossa Justiça é inerte, somente agindo se provocada, e permitindo esses absurdos como o do Roberto Lee e Rio das Pedras.Quem é o inventariante do Roberto Lee?Onde rola seu inventário?Por que o Judiciário Paulista não intervem nesse absurdo?Deve ser em caçapava, uma cidade ao lado de Taubaté em São Paulo e eu onde residi na década de 70 e como garotinho me apaixonei pelo automovel pertencente a um médico alemão nazista que estava exposto (engraçado que os carros mais valiosos parecem não estar por lá, não é mesmo?)

  12. Guilherme Bravin disse:

    meu , eu não sei como que deixarão aconteçer uma coisa dessas . sou fanatico por carros antigos , porem sou de menor e ainda não posso dirigir . mais eu chorei ao ver os impalas e os mustang´s ali abandonados ;S
    os carros apodrecendo , muito triste isso .

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