Exposição de Automóveis, Rio, 1925

PS: Atualizei o assunto a seguir, com outras fotos da Exposição do Rio de 1925, também publicadas pelo Globo, que você pode depois conferir neste link aqui. Não deixe de ver, se o assunto lhe interessa.

=========================================>

Essa notícia é boa.

Eu não sei se você lê o jornal O Globo por aí. Se não mora no Rio, é provável que não.

Mas, se leu, deve ter se encantado com o caderno de automóveis de hoje, assim como eu.

Se não, eis aqui, nobre amigo, a surpresa que veio estampado em bom e velho processo de impressão sobre o conhecido e admirado papel.

A surpresa é que, semana que vêm, completam-se os 85 anos da Primeira Exposição de Automobilismo do Rio de Janeiro, que aconteceu entre 1º e 16 de agosto de 1925. Alguém tinha ouvido falar nisso?

As fotos que ilustram a matéria, pelo visto os únicos registro deste acontecimento, são parte de um álbum com 104 imagens que pertenceu ao engenheiro Adelstano Porto d’Ave (1890-1952), projetista e presidente do Clube dos Bandeirantes, que promovia reides pelas trilhas e poucas estradas de então. O livro foi emprestado por Rodolfo, neto deste que é um dos pioneiros da nossa paixão e mania de organizar clubes e formas de apreciar o automóvel. Com isso, o nome dele está resgatado para a posteridade. E também o do saudoso Automóvel Club, que promoveu o evento a fim de estimular as importações e vendas por aqui. Era preciso forçar a indústria e o governo a construir estradas.

O evento teve a participação da Ford, General Motors, Chrysler, Gray, Packard, Hudson, Itala, Lancia e Voisin. Duro de acreditar que os Hispano-Suiza não participaram por um atraso no navio que os trazia da Europa. A Exposição de 1925 utilizou as instalações da de 1922. Assim, os pavilhões da Itália e Portugal de 22, localizados na esquina de Presidente Antonio Carlos e Presidente Wilson, abigaram este evento que deve ter sido motivo de muita conversa e curiosidade no bucólico Rio de Janeiro de 1925. Com tantos fantasmas históricos me assombrando pelas caminhadas pela cidade, este é mais um que se soma à minha imaginação quando for atravessar aquele canto perto do Santos Dummont.

Entre tantos fatos extraordinários, é de virar a cabeça o fato de que, para a Exposição, a Ford montou uma linha de montagem inteira, completa, em pleno centro da cidade do Rio, para produzir ao vivo os seus Modelos T. Pelo que se lê na reportagem, dezenas deles foram produzidos, imagino que para assombro e deleite de quem testemunhou esta cena absolutamente extraordinária: máquinas que andam sozinhas surgindo na sua frente como que por encantamento.

Bom, em sendo assim, é um fato histórico que eu ignorava este de que a Ford teve uma linha de montagem no Rio de Janeiro! Sensacional. Paulistas, mesmo que por apenas duas semanas, não estraguem minha alegria. Nós também tivemos a Ford aqui. Claro que ninguém anotou os chassis que foram fabrincados ali perto da Igreja de Santa Rita, mas a partir de agora eu vou olhar para os Ts que cruzarem meu caminho com um ar suspeito. Me pergunto ainda se e quando a Ford fez esse tipo de coisa novamente. Será que nos EUA fizeram isso? Nunca soube. Com o tanto de dealers já em 1913 canalizando a oferta do Henry Ford para a insaciável demanda do consumidor americano pelos T, acho improvável. Mas quem saberá dizer? Vou cutucar os gringos lá fora e ver o que descubro.

A última curiosidade dá conta de que o Pavilhão de Portugal, que sediou parte da Exposição, ainda existe. Em estrutura metálica, foi desmontado e levado para Lisboa, onde hoje se chama Pavilhão Carlos Lopes. Veja como era na primeira foto abaixo e como ele está hoje. Ainda bem que está em Lisboa. Se aqui não sobreou nem o Palácio Monroe, o que dizer deste.

Pois bem, eu não escrevo mais. Só republico o texto na íntegra e deixo para quem quiser os comentários e elogios que suscitam a Exposição em si e mais esta iniciativa de O Globo, que muito têm se empenhado em resgatar a história do automóvel. Vou escrever ap Jason Vogel, que assina a matéria, agradecendo pela oportunidade.

Abaixo, as duas páginas da matéria, para os internautas do futuro. Clique sobre elas para ampliar, estão em tamanho natural.

21 comentários sobre “Exposição de Automóveis, Rio, 1925

  1. Irapuã disse:

    Putzzz!!!
    Sem palavras!
    Nik, você precisa encontrar esse Sr. Rodolfo e conseguir que esses documentos históricos possam ser digitalizados! Imagino o que não deve ter neste calhamaço de 4,5 Kg…
    E ponto para “O Globo” por trazer à luz tão maravilhosa história. Por enquanto, vou me deliciando na observação dos detalhes do que foi publicado.
    Irapuã

  2. rafael bruno disse:

    Meu deus!
    Parabéns ao O Globo e a você Nik por divulgar isso! Isso é ouro para antigomobilistas!

  3. rafael bruno disse:

    PS: Se tiver o e-mail do Jason Vogel mande aqui para parabenizá-lo pela matéria!

  4. Nanael Soubaim disse:

    A falta que faz um jornal de verdade! Aqui só temos o Diário da manhã, O Popular e mais uns pasquins provincianos que quebram se o governo fechar a torneira.

  5. Francisco José Pellegrino disse:

    Parabenizar a todos, principalmente ao furo de Jason Vogel de “O Globo” e ao cedente do material Sr. Rodolfo, aos poucos vamos descobrindo nossa história automobilistica, as pessoas começam a se lembrar dos materiais guardados e os disponibilizam. Estou com o Luis Malta, os Voisin me deixaram babando….QUEREMOS VER URGENTEMENTE O RESTANTE DAS FOTOS….

  6. Luciano Martinelli disse:

    Este é mais um blog que já está no “meus favoritos”. Tem muita coisa para ler e “perder” um tempão em frente ao PC. Tem tudo que eu gosto, parabéns.

  7. Carros Antigos disse:

    Ééé, mamar na vaca tu não quer, né Chico? KKKKKKK!

    Calma people, a gente acha o Sr. Rodolfo e o Jason. A gente chega lá. Veja, se o avô dele foi um entusiasta do automóvel, tendo fundando o Clube Bandeirante inclusive, arrisco dizer que sua família pode mais do que simplesmente compartilhar o álbum com o mundo. Imaginem o tant de histórias, reminescências e quiça fotografias destes reides que eles talvez tenham prazer em contar para nós?

    Guilherme, relamente eu vi esta foto no seu blog e na hora fiquei meio assim por não termos nenhum lastro de sua história. Era imponente de mais o cenário para estar solta no espaço. Não podia ter sido um evento qualquer. Agora, que bom, temos a história. Mas a sua é diferente. Provavelmente foi extraída do material publicado na ocasião pelo O Globo.

    Vou tentar ligar pro Jason agora. Cruzem os dedos!

  8. Carros Antigos disse:

    Conversei com o Jason agora ao telefone, e ele é tudo que se espera de um profissional da informação entusiasta de carros antigos. Gente finíssima. Não foi a primeira vez que conversamos, pois por ocasião daquela matéria do Globo sobre o Lincoln que está apodrecendo no museu do Ingá, em Niterói, já tínhamos conversado. Indiquei pra ele o blog da rapaziada e ele se amarrou nas fotos da Ford na Rua Sólon do Gui.
    Sonre as fotos, ele precisa conversar com a família que recomendou que nada fosse divulgado além do jornal. Talvez, lendo esse post e reavaliando a decisão, no futuro tenhamos em mãos este tesouro que não têm preço.
    Vou mandar pra rapaziada por email o endereço dele, para as felicitações. Ele pediu para não publicar aqui, por isso mando em PVT.

  9. Francisco José Pellegrino disse:

    Tá ali no stand da Voisin…”A viatura dos reis”…mamma mia !

  10. James disse:

    Vendo o stand da Voisin lembrei que o falecido Roberto Marinho pilotou um no Circuito da Gávea. Que destino teve a viatura ?

  11. luis antonio da matta machado disse:

    Meus amigos, conheço o Jason desde criança, e desde aquela época já se mostrava um entusiasta do mundo dos automóveis. Naquela época eu já trabalhava com filmagens e gravações com carros antigos, e ele sabia tudo sobre esse assunto. Lembro-me que ao ficar adolescente quase adulto, comprou um VW alemão, aquele modelo que deu origem ao nosso Zé do Caixão. Depois uma pick-up Chevrolet 51, e nunca mais parou de comprar seus carros antigos.Atualmente anda pelas ruas do Rio com seu Citroen 2CV azul clarinho e com teto solar. É a minha enciclopédia nesse assunto, e a ele tenho recorrido frequentemente , por preguiça ou por ignorancia mesmo, quando preciso produzir alguma cena de filme de época com carros antigos.
    Jason é o cara.

  12. Carros Antigos disse:

    Luis, meu amigo e vizinho aqui de Itaipu, como vai? E aquele Opala SS lindo, ainda contigo? Espero que sim.
    Como vão as filmagens? Muito trabalho?
    Prazer te receber aqui.
    Abraço, Nik.

  13. anubis7777 disse:

    Se vc conseguir o contato e quem sabe, digitalizar essa preciosidade, será de grande valia para todos os amantes de carros antigos! Forte abraço.

Deixe um comentário